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Basta passear por uma loja de móveis infantis
para que as dúvidas comecem a surgir: qual modelo oferece mais
vantagens? Há um selo que garanta a sua segurança? As versões
desmontáveis para viagem podem ser usadas no dia a dia? Nossa reportagem
foi atrás de todas essas respostas para você.
1. Há vários modelos no mercado. Como fazer uma boa escolha?
Existem vários critérios a se considerar. Um deles é o tamanho do
móvel. O mais comum segue o padrão americano: 1, 30 m de comprimento por
70 cm de largura. Mas atenção: essa medida se refere apenas à parte
interna do berço e serve de referência para o colchão. Com a grade ou
outros acessórios, o móvel pode ultrapassar o 1,50 m por 80 cm. Dado
importante a se considerar, principalmente quando há pouco espaço
disponível no quarto. Uma opção ligeiramente menor é o berço nacional,
cujo padrão tem 1,30 m por 60 cm.
“Quem procura berços com medidas específicas pode ainda encomendar uma
peça sob medida”, recomenda a arquiteta Andréa Murao, de Taubaté,
interior de São Paulo. A alternativa é comum em lojas especializadas.
Muitos berços possuem acessórios acoplados como cômoda, trocador,
gaveteiro, armário. Há ainda os que viram mini-cama e os desmontáveis
para viagem. Sistema anti-refluxo, diferentes níveis de estrado e grade
móvel são outros diferenciais encontrados e valiosos.
2. Existe algum selo que garante a qualidade do berço?
O móvel infantil ainda não passa obrigatoriamente pelo controle do
Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial). Apenas os fabricantes que se voluntariam para a
certificação podem, se estiverem de acordo com as normas do instituto,
receber o selo – o que, claro, já é um bom sinal.
A regulamentação do órgão estabelece alguns padrões como a medida
segura entre as grades (que não deve ser superior a 6,5 cm). Segundo
Gustavo Kuster, gerente de qualidade do Inmetro, algumas empresas se
unem e criam identificações próprias para mostrar que estão dentro dos
critérios de segurança. Não chega a ser um selo referendado como o do
Inmetro, mas é melhor do que nenhum controle.
Para saber se o modelo escolhido é confiável, a dica do especialista é:
“Na hora da compra, verifique na embalagem se o fabricante
disponibiliza telefone de atendimento e endereço. E também é
imprescindível checar se a peça vem com manual de instalação com versão
em português e instruções claras de como montá-la”.
3. Quais critérios de segurança o berço deve seguir?
Algumas medidas são extremamente importantes. A grade lateral do berço
deve ter no máximo um espaçamento de 6,5 cm para evitar que o bebê
coloque a cabeça no vão. O Inmetro determina ainda que entre o estrado e
as laterais do berço a distância não deve ultrapassar 2,5 cm. “Dessa
forma, a criança não tem como prender as mãos ou pezinhos”, explica
Gustavo Kuster, gerente do instituto.
Outro ponto fundamental: a altura entre o estrado e a lateral do berço
tem de ser, no mínimo, 60 centímetros. “Isso evita que o bebê consiga
pular para fora do móvel, quando estiver maior”, diz.
Ingrid Stammer, coordenadora da ONG Criança Segura, alerta ainda para o
cuidado com berços que contenham braçadeiras ou suportes. “A criança
pode prender a roupa e se machucar”.
Partes destacáveis ou pontiagudas como as quinas do berço também não
são bem-vindas (prefira os modelos com quinas arredondadas). E atenção
às rodinhas: se forem quatro (uma para cada pé do berço), é obrigatório
um sistema de travamento em duas dela para garantir estabilidade.
4. Até que idade a criança deve dormir no berço?
Algumas já podem passar para a cama com grades laterais entre 1 ano e 1
ano e meio, outras permanecem no móvel até os 3 anos. Em relação aos
berços desmontáveis para viagem, vale ficar atento à indicação impressa
na embalagem. “No geral, eles não são recomendados para maiores de 17
quilos”, explica Fabiano Nyenhuis, diretor de marketing da Infanti
Brasil, um dos principais fabricantes do produto.
O pediatra Francisco Dutra, da Maternidade Pro Matre, em São Paulo,
lembra, no entanto, que a mudança para a cama depende, antes de tudo, de
a criança já ter criado o hábito de dormir a noite inteira. “Do
contrário, os pais correm o risco de receber o pequeno no seu quarto
toda noite”, enfatiza.
5. Por uma questão de tradição ou de economia posso pegar
emprestado o berço antigo de minha irmã ou adquirir um em loja de
usados?
Não existe prazo de validade para móveis. No entanto, o bom senso dos
pais é imprescindível nesta hora. “Berços fabricados há muitos anos
podem estar fora do padrão de segurança atual”, explica Gustavo Kuster,
do Inmetro.
O importante é verificar as condições do produto, checando, por
exemplo, se existem fiapos de madeira, tinta desbotando ou parafusos
frouxos. Tudo isso precisa ser consertado se a intenção é realmente
levar o berço.
6. E se eu mandar um marceneiro fazer o berço do meu filho?
“Desde que todas as especificações de segurança sejam seguidas, não há
problema”, explica Ingrid Stammer, coordenadora da ONG Criança Segura.
Para não esquecer de nada, uma dica é imprimir as normas da ABNT,
disponíveis neste relatório feito pelo Inmetro, e passar para o
profissional.
Vale atentar para o tipo de tinta utilizada na pintura do móvel. Ela
não pode ser tóxica, ou seja, ter em sua composição metais pesados como o
chumbo. Não se esqueça de verificar se a madeira utilizada na confecção
está em bom estado, se os parafusos são novos e estão bem ajustados e
se não existe nenhuma ponta ou fiapo que possam prejudicar a segurança
do bebê.
7. Os berços desmontáveis podem ser usados no dia a dia? São
seguros?
“Não vejo problema em usar esse tipo de berço em casa”, responde
Francisco Dutra, da Pro Matre. O pediatra reforça apenas o cuidado na
hora de guardar o produto, evitando acumular poeira ou umidade; e dá uma
dica: “Os modelos com visor lateral permitem que a criança seja vigiada
mais facilmente”.
O Inmetro não certifica os berços de viagem e ainda não redigiu nenhuma
regulamentação a respeito. "Mas o consumidor pode procurar na embalagem
por selos de qualidade americanos ou europeus", explica Fabiano
Nyenhuis, diretor de marketing da Infanti Brasil, um dos principais
fabricantes do produto.
8. Vale a pena comprar um berço com o sistema anti-refluxo?
O sistema anti-refluxo permite a elevação do colchão na cabeceira. Isso
é ótimo para evitar a regurgitação, comum nos primeiros meses de vida
do bebê. No entanto, ele não é imprescindível. “Se o bebê for
diagnosticado com o problema do refluxo, os pais podem comprar um
travesseiro específico para isso ou elevar os pés da cabeceira do berço
em 30 graus”, explica o pediatra Francisco Dutra.
9. Além da segurança, o que mais levar em consideração na hora
da compra?
O espaço disponível é um dos itens essenciais para a decisão. “Se o
quarto é pequeno, vale investir em berços com cômodas, trocadores ou
gaveteiros acoplados”, conta a arquiteta Andréa Murao, de Taubaté.
Verifique também se é possível movimentar o berço sem dificuldade. Para
isso, vale experimentar algumas manobras na loja. “Lembre-se que muitas
vezes ao abaixar a grade ajustável, por exemplo, você estará com um
bebê no colo”, diz a especialista.
10. Devo colocar o berço em algum lugar específico do quarto?
Não é aconselhável posicionar o móvel perto da janela. “A criança pode
tentar pular quando ficar maior”, explica Ingrid Stammer, da ONG Criança
Segura.
O ideal é colocá-lo em um local de fácil acesso e que não atrapalhe a
passagem. “Uma boa dica é deixar bem ao lado da poltrona de amamentação
para simplificar a vida da mãe”, diz a arquiteta Andréa Murao.
11. Mosquiteiro faz mal para o bebê?
O acessório em si não representa perigo, mas pode servir para o acúmulo
de sujeira e causar uma reação alérgica na criança.
O pediatra Francisco Dutra alerta ainda para outro problema: se o
mosquiteiro estiver ao alcance das mãos da criança, ela pode puxar a
tela e se enrolar inteira. Por esse motivo, o especialista recomenda a
substituição do artefato por telas contra mosquitos nas janelas.
12. Devo comprar protetor de berço?
O acessório que dá um charme ao móvel e para todo o quarto do bebê é
motivo de polêmica. Segundo Ingrid Stammer, da ONG Criança Segura, o
enfeite é perigoso, pois pode provocar asfixia na criança. Ela explica
que o risco de o bebê bater a cabeça dentro do berço é muito menor que o
de sufocar, por isso não se deve colocar ali nenhum tipo de almofada,
protetor, travesseiro ou bichinho de pelúcia.
O pediatra Francisco Dutra é outro que dispensa seu uso. “Para os
recém-nascidos, não representa tanto perigo, mas quando a criança começa
a ficar em pé por volta dos 6 meses, ela pode usar o protetor como
degrau para pular do berço”, alerta.
Se você decidir pelo enfeite mesmo assim, seja cautelosa com a limpeza
dele. “O acúmulo de poeira no tecido pode causar reações alérgicas. Elas
não são comuns nos recém nascidos, mas podem aparecer quando o bebê
passar dos quatro meses”, diz o pediatra.
13. Como escolher o colchão certo?
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos do Repouso, os colchões
de berço - para pequenos de até 3 anos - devem ser de espuma e ter
densidade 18. "O ideal é que ele acompanhe as curvaturas fisiológicas da
criança", orienta o ortopedista Douglas Russo, do Hospital e
Maternidade São Luiz, em São Paulo. "E é importante usar o bom senso na
hora da escolha do modelo", complementa o especialista. Ou seja: o
objeto não deve ser nem muito duro nem muito mole. Quando estiver mais
crescida, a criança poderá dormir em um colchão com densidade um pouco
maior, próximo aos 23 - valor recomendado para quem tem menos de 50
quilos.
14. A grade móvel representa um perigo para a criança?
Depende. Os pais não podem deixar o bebê no berço com a grade abaixada e
devem regular a altura do estrado de acordo com o crescimento da
criança. Na hora da compra, atente para a grade. “Ela deve ter um
deslocamento simples para facilitar a vida da mãe e difícil o suficiente
para que o bebê não consiga mexer nela sozinho”, alerta a arquiteta
Andréa Murao.
15. Existe berço para gêmeos?
Não. E, segundo o pediatra Francisco Dutra, os bebês não devem
permanecer no mesmo móvel. “Há o risco de as crianças se enrolarem uma
na outra, podendo causar um acidente”, diz.
Deixá-los juntos pode ainda comprometer o conforto dos pequenos. O
melhor é um berço para cada um. Falta espaço no quarto? A arquiteta
Andréa Murao lembra que é possível encomendar berços menores e sob
medida na maioria das lojas especializadas.
Gabriela Agustini